Reinado de 1000 anos
- De acordo com a Biblia
Apocalipse 20:1-15 é, sem dúvida, um dos textos mais polêmicos de toda a Bíblia.
Não há consenso entre os cristãos, tanto do passado quanto do presente, sobre a interpretação precisa deste capítulo. Criaram-se três categorias escatológicas do Apocalipse com diferentes visões do Reino de Deus milenar. Não vamos entrar em pormenores sobre cada visão, pois não é o nosso foco mas deixamos abaixo o esclarecimento resumido de cada categoria ou interpretação.
Apesar de existirem diversas visões e ideias do Apocalipse, do reino milenar e do juízo final, só uma verdade está correta, e na realidade, o pré-milenismo não se alinha com diversos pontos da Bíblia.
Os denominados pré-milenistas, sejam eles pré-tribulacionistas ou não, creem que o milênio relatado em Apocalipse 20:11-21 ocorre cronologicamente após a segunda vinda do Messias.
No entanto, essa compreensão vai contra outros textos da Bíblia, e como sabemos, a Bíblia não se contradiz. A Escritura não pode contradizer a si própria, portanto, quando duas passagens parecem estar em conflito entre si, a mais clara deve ser usada para interpretar a menos clara. Esse é um princípio muito importante, pois há diversas passagens sobre o apocalipse no novo testamento que são claras e ensinam sobre a vinda do Messias.
O Capítulo 20 não é uma continuação cronológica do Capítulo 19, mas sim um retorno à primeira vinda de Cristo. O livro de Apocalipse não segue uma linha progressiva cronológica de zero a dez, mas está dividido em sete seções paralelas e progressivas:
– A primeira seção, dos Capítulos 1 ao 3, fala dos sete candelabros e a verdade central é a segunda vinda de Cristo.
– A segunda seção, dos Capítulos 4 ao 7, aborda os sete selos, novamente com a segunda vinda de Cristo como verdade central.
– A terceira seção, dos Capítulos 8 ao 11, apresenta as sete trombetas, com a segunda vinda de Cristo como verdade central.
– A quarta seção, dos Capítulos 12 ao 14, trata do levantamento do quarteto do mal, como o dragão no Capítulo 12, o anticristo e o falso profeta no Capítulo 13, e a grande Babilônia no Capítulo 14, com a segunda vinda de Cristo novamente como verdade central.
– A quinta seção, dos Capítulos 15 e 16, discute as sete taças da ira de Deus, com a segunda vinda de Cristo como verdade central.
– A sexta seção, dos Capítulos 17 a 19, narra a queda do quarteto do mal em ordem inversa, com a segunda vinda de Cristo sendo relatada em 19:11-21.
– A sétima e última seção, dos Capítulos 20 a 22, descreve o milênio, o juízo final, novos céus e nova terra, com a verdade central sendo o juízo de Deus precedendo a segunda vinda de Cristo.
Portanto, o Capítulo 20 não é uma continuação cronológica do Capítulo 19, mas sim um retorno à primeira vinda do Messias. Assim como o Capítulo 11 termina com a segunda vinda e o Capítulo 12 começa com o nascimento do Messias, o milênio descrito aqui não ocorre após a segunda vinda de Cristo, mas antecede-a.
Vou destacar 7 pontos em conjunto com textos biblicos que vão contra a interpretação de um milênio literal de reinado físico do Messias na terra, pois essa visão contradiz a bíblia em diversos textos.
1
O único lugar onde se menciona o Milênio literal é no livro do Apocalipse 20, que é altamente simbólico e apocalíptico em sua natureza.
Nenhum dos quatro Evangelhos menciona a ideia de um milênio literal de reinado físico do Messias na terra. Da mesma forma, nas cartas de Paulo, essa ideia não é encontrada, nem nas epístolas gerais, seja de Tiago, Pedro, João ou Judas.
2
O reino de Yahshua é espiritual e não político ou geográfico neste mundo terreno.
O milênio não se refere a Yahshua reinando fisicamente neste mundo, ao contrário do que algumas interpretações sugerem. O foco está na dimensão espiritual do reinado do Messias, que transcende os limites terrenos e se manifesta na transformação das vidas e na redenção da humanidade.
Mateus 4: 17:
A partir deste tempo, Jesus começou a pregar e a dizer: Arrependei-vos, pois é chegado o reino do céu.
João 18:36
Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, então os meus servos lutariam, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.
3
Não há mais judeus nem gentios, apenas uma igreja composta por ambos.
A ideia de um Milênio na terra e a posição de preeminência dos judeus nesse governo reintroduz uma distinção entre judeus e gentios que foi abolida na cruz. A partir do sacrifício do Messias, toda a descendência espiritual de Abraão, quer seja judia ou gentia, será salva durante a expansão do Reino de Deus na terra. Quando a expansão do Reino atingir o seu ápice e finalização, então virá o fim.
Romanos 10:12,13:
Porque não há diferença entre judeu e grego; pois o mesmo Senhor de todos é rico para com todos os que o invocam. Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
4
Não haverá duas ressurreições distintas de justos e ímpios.
A ideia de um Milênio terreno ensina que haverá pelo menos duas ressurreições: uma dos crentes antes do Milênio e outra dos ímpios depois do Milênio. No entanto, à luz das Escrituras, essa ideia não tem amparo na Bíblia. Em João 5:28-29, é afirmado que todos ouvirão a voz do Messias e sairão dos túmulos, uns para a ressurreição da vida e outros para a ressurreição do juízo. Portanto, a Bíblia ensina uma única ressurreição de crentes e ímpios, que ocorrerá num único momento, ou seja, na segunda vinda do Senhor Yahshua Hamashiach.
5
Toda a terra será transformada e passada pelo fogo, nenhum ímpio vai sobreviver.
A ideia do milénio terreno cria uma grande dificuldade ao imaginar a convivência do Messias glorificado com os santos glorificados num mundo que ainda não foi plenamente restaurado, entre pessoas não glorificadas e ímpias. A visão de um reino físico de 1000 anos pressupõe obrigatoriamente que alguns ímpios vão sobreviver à segunda vinda de Yahshua. As Escrituras apresentam a visão de um novo céu e uma nova terra, onde a presença de Deus é plenamente manifesta e onde não há mais tristeza, dor ou sofrimento. Nesse sentido, a expectativa é de uma transformação completa e gloriosa, que transcende as limitações terrenas que conhecemos atualmente.
Não é possível conciliar as duas visões.
2 Pedro 3:7
Mas os céus e a terra, que existem agora, pela mesma palavra estão reservados para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios.
6
Não é possível ocorrer uma rebelião contra Yahshua enquanto ele Reina. Essa visão é ridícula.
É inconcebível pensar que, após o Messias reinar literalmente por mil anos, ainda possa ocorrer uma rebelião contra ele, à luz da perspectiva bíblica.
Hebreus 10:12,13
Mas este homem, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados para sempre, assentou-se à direita de Deus. Deste momento em diante encontra-se à espera, até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés.
Apocalipse 2:26,27
E ao que vencer e guardar as minhas obras até ao fim, a ele eu darei poder sobre as nações e ele as governará com um cetro de ferro; como os vasos do oleiro elas serão quebradas em fragmentos, assim como eu recebi de meu Pai.
7
O Juízo Final ocorre imediatamente após a segunda vinda de Cristo e não mil anos depois.
1 Coríntios 15:23-24
“Mas cada homem em sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois os que são de Cristo, na sua vinda. Então virá o fim, quando ele tiver entregue o reino a Deus, ao Pai, e quando ele tiver derrubado todo o governo, e toda a autoridade, e poder. Pois ele deve reinar, até que ele tenha colocado todos os inimigos debaixo de seus pés.“
Concluindo este artigo, podemos observar que enquanto João Batista pregava, ele proclamava: “Arrependei-vos, porque o reino do céu está próximo.” – Mateus 3:2
Porém, quando Yahshua pregava, a sua mensagem era: “Arrependei-vos, pois é chegado o reino do céu” – Mateus 4:17
É evidente que a voz que ecoava no deserto estava a preparar o povo para a chegada do Reino dos céus, o qual se concretizou com a primeira vinda do Messias à Terra e se estabeleceu quando Ele ascendeu aos céus.
“Aquele que subiu ao céu e está à direita de Deus; a Ele estão sujeitos os anjos, as autoridades e os poderes.” – 1 Pedro 3:22
Deste modo, compreendemos que a mensagem inicial de arrependimento tinha como objetivo preparar o caminho para a manifestação do Reino Celestial, Ele já está a Reinar, aqui e agora. A 1ª vinda de Yahshua marcou o início desse reino, que se consolidou com a sua ascensão.
O Reino de Deus, conforme descrito na parábola de Yahshua sobre o grão de mostarda, é comparado a algo que começa pequeno, como uma semente minúscula, mas que cresce e se desenvolve até se tornar grandioso e abrangente. Assim como a pequena semente de mostarda se transforma numa grande árvore, o Reino de Deus tem uma trajetória de expansão e crescimento.
Esta parábola nos ensina que o Reino de Deus não é estático, mas dinâmico e progressivo. Ele começou de maneira humilde, com o ministério terreno de Yahshua, e desde então tem sido gradualmente expandido através do testemunho e pregação dos crentes e da obra do Espírito Santo.
A referência em 1 Coríntios 15:25 confirma que Yahshua continuará a reinar até que todos os seus inimigos sejam subjugados. Isso significa que o Reino de Deus não alcançará a sua plenitude até que todas as forças contrárias ao governo divino sejam derrotadas e submetidas à autoridade do Messias.
A sua segunda vinda significa que todos os poderes estão subjugados, todos os eleitos foram alcançados e é hora de começar o julgamento. Não haverá um reinado de 1000 anos depois deste evento, mas sim a eternidade plena para aqueles que foram redimidos. E o Reino será entregue ao Deus Pai para ser Tudo em Todos.
“Pois ele deve reinar, até que ele tenha colocado todos os inimigos debaixo de seus pés. O último inimigo que será destruído é a morte. Porque ele colocou todas as coisas debaixo de seus pés. Mas, quando ele diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, está claro que exclui-se aquele que colocou todas as coisas sob ele. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então o mesmo Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus possa ser tudo em todos.” – 1 Coríntios 15:25-28
Dito isto, reconhecemos que algumas questões têm que ser respondidas, tais como: